domingo, 28 de junho de 2015

Diário de Missão: PIAUÍ - PERNAMBUCO (Parte III)



20 de Junho – Acauã / Betânia / Serra do Inácio - Pernambuco

Durante a manhã, logo após o café da manhã tive o primeiro devocional em Acauã, a presença de Deus foi muito forte durante o louvor, oramos e clamamos pelo Reino de Deus no Sertão. Tiago, um dos missionários do grupo de Fortaleza compartilhou sobre obediência, baseado em João 2:1-10, Maria foi falar com Jesus que o vinho da festa havia acabado e Ele falou com ela e ela orientou aos empregados fazerem o que Jesus mandasse, eles obedeceram tudo o que Ele falou e Jesus transformou água em vinho e trouxe o melhor para aquele lugar. Ele prosseguiu falando sobre o que Deus faz através de nossa obediência, e também fomos confrontados sobre o quanto temos amado o nosso próximo.




Após o devocional saímos em viagem para Betânia, onde conhecemos missionários de uma base, onde almoçamos e podemos nos conhecer e conhecer a cidade. 




Em seguida partimos em um Pau de Arara para Serra do Inácio, um lugar que fica na divisa entre Piauí e Pernambuco, por ficar na divisa, nenhum dos estados quer tomar pra si a responsabilidade de oferecer assistência para a população, e eles ficam lá jogados. 

                                                                  (Mislene de blusa lilás)

No caminho paramos na casa de uma mulher chamada Mislene, ela tem 34 anos, trabalha como faxineira, e era analfabeta. Um dia ela ganhou de sua patroa uma bíblia, e ela aprendeu a ler a bíblia, o Espírito Santo sabe como capacitar cada pessoa para o serviço, ela começou a ler a bíblia, e entendeu que a missão dela nessa terra é pregar o evangelho para todos, ela começou a pregar pelo sertão, deixamos com ela alguns materiais escolar e alguns brinquedos, e ela prosseguiu a viagem conosco. 




Logo mais à frente chegamos em uma tenda, essa tenda é uma igreja, ela tem sido um apoio para Mislene, essa igreja é mantida por um casal de missionários que vieram de Goiás, e essa igreja tomou para si o papel que devia ser de um desses estados, eles tem assistido a comunidade espiritualmente e trabalham o desenvolvimento social com as pessoas que residem nas proximidades, lá tem cultos semanais e toda quarta feira eles pegam as crianças do local e levam para lá para dar banho, troca de roupa, e dão o seu melhor cuidando delas. Conhecemos o missionário que dirige a igreja e prosseguimos a viagem, e depois de mais de 1 hora de viagem chegamos em uma casa, logo que nos viram 3 meninas pegaram um bebê recém-nascido e correram pra se esconder no meio das plantas, fomos atrás delas para tentar conversar, as crianças são bastante envergonhadas, pois lá eles não tem muito contato com pessoas, cheguei próximo delas e me apresentei, e comecei a fazer perguntas e apenas uma delas respondia. Perguntei o nome das 3 e elas responderam, e perguntei o nome da bebê e ela ainda não tem nome, depois perguntei a idade delas e nenhuma tinha a mínima noção de quantos anos elas tinham e nem de quantos meses o bebê tinha, ai perguntei se elas estudavam e elas disseram que sim, mas também não tinham noção de qual série faziam, elas estava bem sujas e com as roupas rasgadas, uma delas estava com uns ferimentos no corpo. 


Depois encontrei dois garotos e fui conversar com eles, eles estavam no mesmo estado que elas, bem sujos e sabiam também apenas os seus nomes. 



Apesar de toda timidez deles conseguimos junta-los pra tentar conversar com todos, e eles foram, e ensinamos algumas músicas para eles e depois falamos um pouco sobre Jesus, durante isso foram chegando outras crianças, no final fizemos orações com elas e cantamos mais algumas músicas e elas já estavam menos envergonhadas e dançaram com a gente, depois servimos, biscoitos recheados, fandangos e bombons e elas ficaram meio que impressionadas, mas bem felizes. 

 


Depois outra missionária da equipe foi conversar com alguns e perguntou sobre o que elas gostavam de fazer, e elas contaram que gostavam de brincar de boneca, e a missionária perguntou: “Como vocês brincam de boneca, sem ter boneca?”, e descobrimos que elas brincavam apenas com um pano. Deixamos com a Mislene a responsabilidade de distribuir os brinquedos que trouxemos. Em seguida tiramos algumas fotos com elas, e nos despedimos. 


E seguimos viagem e chegamos em outra casa que moram mais ou menos umas 10 pessoas, lá a casa é de taipo, e nesse local encontramos uma família que sofre um pouco com problemas de alcoolismo, e também algumas das crianças apresentam problemas mentais, outra criança de lá apresenta sinais de abuso, pra mim essa também foi uma parte bem forte, essa menina não consegue falar nada, única coisa que ela faz é chegar nos homens, demonstra algum carinho, por exemplo, passa a mão no nosso braço, e logo após pede dinheiro, a única coisa que ela consegue falar é: “Me dá dinheiro ?”. Conversamos um pouco com as pessoas da casa, e oramos por elas e seguimos viagem de volta pra base.


A Serra do Inácio foi uma experiência muito impactante, lá é um local muito estigmatizado, as casas não possuem nenhuma estrutura, nenhuma tem banheiro, e algumas são feitas de barro e madeira, no local não tem fornecimento de água e nem energia, as famílias não tem acompanhamento e nenhuma orientação, por falta de orientação as pessoas tem muitos filhos e falta estrutura para poder abrigar todos, nas casas as pessoas dormem no chão, em algumas casas tem cama, mas apenas uma e não conseguem comportar todos os que moram lá. Podemos observar que nesse local os maiores problemas são com alcoolismo e prostituição.
Graças a Deus, pessoas foram levantadas para cuidar das pessoas que vivem nessa situação, minha oração é que Deus fortaleça esses que dirigem a igreja e que cuida da população, fortaleça a Mislene e a capacite a continuar levando vida para o local. Que Deus possa guardar a fé deles, e que eles possam sempre acreditar que Deus tem cuidado deles, e que Deus não deixe nunca nada faltar. Que Deus possa despertar mais pessoas dispostas a servir nesse lugar. O trabalho lá é bem árduo, mas essas pessoas entenderam que esse povoado também necessita da Graça de Deus, e eles entregaram tudo pela vontade de Deus.

Continua ...

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