terça-feira, 30 de junho de 2015

Diário de Missão: PIAUÍ - PERNAMBUCO (Parte IV)

21 de Junho – Batismo / Book / Culto Infantil

" Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova." Romanos 6:4

No domingo pela manhã participei do culto de batismo, a presença de Deus era palpável naquele lugar, no louvor foram tocadas apenas músicas de celebração, e eu nunca tinha visto um culto em alguma igreja evangélica como vi naquele lugar, pessoas simples, humildes, que passam muitas dificuldades mas adoram a Deus com toda força, e de verdade, isso me lembrou a história de Jó, um homem que passou por muitos problemas, mas que nunca deixou de adorar a Deus. Hoje em dia, em muitas igrejas evangélicas tem sido realizados cultos tão vazios, sem alegria, como se fossem apenas para cumprir rotinas, o culto tem deixado de ser pra Deus e tem se tornado algo pra satisfazer meu ego, as igrejas tem que rever como está a sua adoração, tem que rever quais as suas reais motivações de ir em um culto, tem que analisar o que tem sido adorado, Deus ou meu ego ?


 

 Uma coisa que me chamou atenção foi essa senhora (foto acima), em nenhum momento do louvor ela deixou de dançar, era algo tão contagiante, que eu comecei a pular como eu nunca mais tinha feito antes. O culto foi realmente lindo, depois tivemos uma palavra com o Pastor Bené, muito abençoadora, e logo mais iniciou o batismo.


E disse-lhes: “vão pelo mundo todos e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.” Marcos 16:15,16

Lá eles oferecem assistência a várias comunidades e cada casal ou uma dupla de missionários é responsável por uma comunidade, no batismo cada responsável batizava aquele que foi discipulado por ele. O batismo pra mim foi uma experiência muuuuuuito incrível, primeiro pela simplicidade, pois foi realizado em uma caixa d’água, e segundo pois naquele lugar a presença de Deus estava muito forte, quase palpável, tão forte que o quebrantamento de todos era algo notável, a cada oração, cada palavra dita, cada mergulho, eu só conseguia ver lágrimas, Deus preparou tudo da melhor maneira, a cada mergulho Deus falava muito comigo, e eu senti um grande desejo de poder batizar alguém, de poder participar da mudança de vida de alguém, do sepultamento do velho homem, e da ressureição para uma nova vida, e creio que Deus já está preparando essa experiência pra mim.



 



No quilombo Escondido mora uma mulher chamada Têda e ela está grávida de 8 meses, já está bem perto de nascer o bebê e ela ainda não tem nada para o bebê, uma missionária de uma cidade vizinha, presenteou ela com um book e um photobook, e eu fui com elas para fazer o book, foi um momento bem legal, e senti vontade de compartilhar com vocês as fotos, e um pouco do que a fotografa compartilhou sobre a experiência.




A noite fiquei responsável pelo culto infantil, foi um momento bem divertido e em alguns momentos engraçado, as crianças não eram nada quietas, e as vezes fiquei meio desesperado, mas tudo correu bem, cantamos, dançamos, brincamos e compartilhei a história da criação com alguns objetos, no começo apaguei as luzes e aos poucos como ia correndo a história fui passando nas mãos delas alguns objetos, algodão representando o céu, areia representando a terra, algumas folhas representando as plantações, um ratinho de brinquedo representando os animais (Essa foi a parte mais engraçada, elas tocavam e começavam a gritar), também dei pra elas beber água com açúcar e água com sal, representando a divisão das águas, foi um momento bem divertido, no final passei uma caixa com um espelho dentro, e elas tinham que olhar e dizer uma característica sobre o que elas viam, as características mais usadas foram bonito, brilhante e legal, ai no fim expliquei que fomos feitos a imagem e semelhança de Deus. E que Deus também tinha todas essas características, ai no fim mandei elas desenharem elas, e falei que aquilo era um desenho de como Deus era, no final fizemos uma oração de agradecimento a Deus, e elas foram para casa, recebi vários abraços e novamente Deus me fala sobre a passagem que compartilhei no segundo dia do diário, sobre o prazer que Jesus tinha de ter as crianças por perto e que o Reino pertence a quem for semelhante a elas.
 

Agradeço a minha amiga Pamela Alencar por ter liberado todas as fotos para que a publicação de hoje ficasse linda ;)

Esse pequeno domingo vai ficar pra sempre na minha memória, foi um domingo de confirmações e de novos sonhos. Agradeço por você que está acompanhando o diário, se não leu ainda os dias anteriores, pode ficar à vontade para ler também. E se quiser deixar algum comentário, alguma palavra de força, algum questionamento, vai ser um prazer responder tudo, e se alguma publicação te abençoar de alguma forma, você pode compartilhar com mais alguém pra que essa pessoa também possa ser abençoada.
 

Continua ...

domingo, 28 de junho de 2015

Diário de Missão: PIAUÍ - PERNAMBUCO (Parte III)



20 de Junho – Acauã / Betânia / Serra do Inácio - Pernambuco

Durante a manhã, logo após o café da manhã tive o primeiro devocional em Acauã, a presença de Deus foi muito forte durante o louvor, oramos e clamamos pelo Reino de Deus no Sertão. Tiago, um dos missionários do grupo de Fortaleza compartilhou sobre obediência, baseado em João 2:1-10, Maria foi falar com Jesus que o vinho da festa havia acabado e Ele falou com ela e ela orientou aos empregados fazerem o que Jesus mandasse, eles obedeceram tudo o que Ele falou e Jesus transformou água em vinho e trouxe o melhor para aquele lugar. Ele prosseguiu falando sobre o que Deus faz através de nossa obediência, e também fomos confrontados sobre o quanto temos amado o nosso próximo.




Após o devocional saímos em viagem para Betânia, onde conhecemos missionários de uma base, onde almoçamos e podemos nos conhecer e conhecer a cidade. 




Em seguida partimos em um Pau de Arara para Serra do Inácio, um lugar que fica na divisa entre Piauí e Pernambuco, por ficar na divisa, nenhum dos estados quer tomar pra si a responsabilidade de oferecer assistência para a população, e eles ficam lá jogados. 

                                                                  (Mislene de blusa lilás)

No caminho paramos na casa de uma mulher chamada Mislene, ela tem 34 anos, trabalha como faxineira, e era analfabeta. Um dia ela ganhou de sua patroa uma bíblia, e ela aprendeu a ler a bíblia, o Espírito Santo sabe como capacitar cada pessoa para o serviço, ela começou a ler a bíblia, e entendeu que a missão dela nessa terra é pregar o evangelho para todos, ela começou a pregar pelo sertão, deixamos com ela alguns materiais escolar e alguns brinquedos, e ela prosseguiu a viagem conosco. 




Logo mais à frente chegamos em uma tenda, essa tenda é uma igreja, ela tem sido um apoio para Mislene, essa igreja é mantida por um casal de missionários que vieram de Goiás, e essa igreja tomou para si o papel que devia ser de um desses estados, eles tem assistido a comunidade espiritualmente e trabalham o desenvolvimento social com as pessoas que residem nas proximidades, lá tem cultos semanais e toda quarta feira eles pegam as crianças do local e levam para lá para dar banho, troca de roupa, e dão o seu melhor cuidando delas. Conhecemos o missionário que dirige a igreja e prosseguimos a viagem, e depois de mais de 1 hora de viagem chegamos em uma casa, logo que nos viram 3 meninas pegaram um bebê recém-nascido e correram pra se esconder no meio das plantas, fomos atrás delas para tentar conversar, as crianças são bastante envergonhadas, pois lá eles não tem muito contato com pessoas, cheguei próximo delas e me apresentei, e comecei a fazer perguntas e apenas uma delas respondia. Perguntei o nome das 3 e elas responderam, e perguntei o nome da bebê e ela ainda não tem nome, depois perguntei a idade delas e nenhuma tinha a mínima noção de quantos anos elas tinham e nem de quantos meses o bebê tinha, ai perguntei se elas estudavam e elas disseram que sim, mas também não tinham noção de qual série faziam, elas estava bem sujas e com as roupas rasgadas, uma delas estava com uns ferimentos no corpo. 


Depois encontrei dois garotos e fui conversar com eles, eles estavam no mesmo estado que elas, bem sujos e sabiam também apenas os seus nomes. 



Apesar de toda timidez deles conseguimos junta-los pra tentar conversar com todos, e eles foram, e ensinamos algumas músicas para eles e depois falamos um pouco sobre Jesus, durante isso foram chegando outras crianças, no final fizemos orações com elas e cantamos mais algumas músicas e elas já estavam menos envergonhadas e dançaram com a gente, depois servimos, biscoitos recheados, fandangos e bombons e elas ficaram meio que impressionadas, mas bem felizes. 

 


Depois outra missionária da equipe foi conversar com alguns e perguntou sobre o que elas gostavam de fazer, e elas contaram que gostavam de brincar de boneca, e a missionária perguntou: “Como vocês brincam de boneca, sem ter boneca?”, e descobrimos que elas brincavam apenas com um pano. Deixamos com a Mislene a responsabilidade de distribuir os brinquedos que trouxemos. Em seguida tiramos algumas fotos com elas, e nos despedimos. 


E seguimos viagem e chegamos em outra casa que moram mais ou menos umas 10 pessoas, lá a casa é de taipo, e nesse local encontramos uma família que sofre um pouco com problemas de alcoolismo, e também algumas das crianças apresentam problemas mentais, outra criança de lá apresenta sinais de abuso, pra mim essa também foi uma parte bem forte, essa menina não consegue falar nada, única coisa que ela faz é chegar nos homens, demonstra algum carinho, por exemplo, passa a mão no nosso braço, e logo após pede dinheiro, a única coisa que ela consegue falar é: “Me dá dinheiro ?”. Conversamos um pouco com as pessoas da casa, e oramos por elas e seguimos viagem de volta pra base.


A Serra do Inácio foi uma experiência muito impactante, lá é um local muito estigmatizado, as casas não possuem nenhuma estrutura, nenhuma tem banheiro, e algumas são feitas de barro e madeira, no local não tem fornecimento de água e nem energia, as famílias não tem acompanhamento e nenhuma orientação, por falta de orientação as pessoas tem muitos filhos e falta estrutura para poder abrigar todos, nas casas as pessoas dormem no chão, em algumas casas tem cama, mas apenas uma e não conseguem comportar todos os que moram lá. Podemos observar que nesse local os maiores problemas são com alcoolismo e prostituição.
Graças a Deus, pessoas foram levantadas para cuidar das pessoas que vivem nessa situação, minha oração é que Deus fortaleça esses que dirigem a igreja e que cuida da população, fortaleça a Mislene e a capacite a continuar levando vida para o local. Que Deus possa guardar a fé deles, e que eles possam sempre acreditar que Deus tem cuidado deles, e que Deus não deixe nunca nada faltar. Que Deus possa despertar mais pessoas dispostas a servir nesse lugar. O trabalho lá é bem árduo, mas essas pessoas entenderam que esse povoado também necessita da Graça de Deus, e eles entregaram tudo pela vontade de Deus.

Continua ...

sábado, 27 de junho de 2015

Diário de Missão: PIAUÍ - PERNAMBUCO (Parte II)



19 de Junho – Acauã / Escondido

Esse dia foi bem livre, eu tive a oportunidade de conhecer mais do que a cidade, fui convidado pra conhecer o Escondido, lá é um povoado Quilombola, pra quem não sabe, quilombolas são descendentes de escravos, são povoados que restaram dos refúgios dos escravos, alguns povoados já foram conhecidos pelo governo, que oferece alguma assistência, mas é bem precária. O local é de acesso bastante complicado e bem distante, as casa são bem pobres e as pessoas sobrevivem a isso tudo, quem ainda estuda tem que andar um caminho bem longo pra chegar até a escola, que fica na cidade, o caminho percorrido de carro é mais ou menos 20 minutos, então a pé deve ser quase uma hora. No quilombo tem um posto de saúde, que de vez em quando vai uma assistente social para atender a população, lá também tem um poço, que o governo manda de vez em quando um carro pipa para abastecer, a água desse poço não é própria pra consumo, a população usa apenas para regar plantas, para banho, para lavar roupas e louças e também dão para animais beber, eles armazenam água da chuva para poder consumir.


Em Acauã, já foi implantada uma igreja, lá eles oferecem assistência espiritual para a comunidade, acontecem estudos bíblicos nas terças e aos domingos culto, a igreja se chama Igreja Missionária do Sertão. A tarde fui para a igreja, lá acontecem as oficinas de dança, funcionam 5 turmas de dança, 1 pela manhã e as outras 4 pela tarde. Simultaneamente acontece escolinha de futebol, na quadra da cidade, mas não acompanhei de perto. Na oficina de dança tem o discipulado e logo após a aula, as meninas estão ensaiando para um espetáculo que vão apresentar no fim do ano no SESC da cidade, pude conhecer todas as meninas e acompanhei de perto o trabalho da missionária que tem se dedicado por isso, ela é formada em educação física e já fez aula de dança na cidade onde morava, ela não continua as aulas pois em Acauã e na cidade vizinha não oferece capacitação, apesar das dificuldades o trabalho é lindo, fiquei bastante admirado por ela conseguir manter 5 turmas com discipulado e aula de dança, foi um tempo bem legal, conheci todas as meninas, orei com elas, e participei junto do devocional. Foi bem engraçado quando uma das meninas assim que me viu perguntou a missionária se eu era da lei dos crentes, ai fui apresentado para todas e as conheci. Durante essa tarde a parte que mais me emocionei foi ao terminar a aula de uma das turmas, as meninas me chamaram para orar e quando terminei todas correram e me abraçaram e senti um amor tão grande, agradeci muito a Deus por isso, isso me lembrou quando Jesus repreendeu seus discípulos pois estavam afastando as crianças Dele e Ele disse “Deixai vir a mim as crianças, pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas”, apesar de não me conhecer, elas na sua inocência correram e me abraçaram, Jesus quando falou isso aos discípulos, falava sobre sermos como crianças, termos a inocência, a humildade delas. Eu me identifico muito com o trabalho com crianças, não por serem crianças e serem mais fáceis de lidar, porque não é nada fácil, mas porque Deus me ensina tanto com elas, Ele me mostra nelas características que o agradam, e isso tem forjado o meu caráter, pois tenho trazido pra minha vida essas características e me tornado alguém que agrada a Deus e estou me tornando mais parecido com Ele.


A noite teve um aniversário surpresa da Jaqueline, uma missionária de lá, foi um momento muito bom de comunhão, conversamos, brincamos, rimos, e abençoamos a vida dela. "Oh quão bom e quão suave que os irmãos vivam em união." Salmos 133:1
Ouvi também outros testemunhos da mudança de realidade, que Deus desafiou pessoas a terem, pessoas que resolveram dar passos de fé, e viram que Deus realmente cuida de nós.

Continua ...