sábado, 27 de junho de 2015

Diário de Missão: PIAUÍ - PERNAMBUCO (Parte II)



19 de Junho – Acauã / Escondido

Esse dia foi bem livre, eu tive a oportunidade de conhecer mais do que a cidade, fui convidado pra conhecer o Escondido, lá é um povoado Quilombola, pra quem não sabe, quilombolas são descendentes de escravos, são povoados que restaram dos refúgios dos escravos, alguns povoados já foram conhecidos pelo governo, que oferece alguma assistência, mas é bem precária. O local é de acesso bastante complicado e bem distante, as casa são bem pobres e as pessoas sobrevivem a isso tudo, quem ainda estuda tem que andar um caminho bem longo pra chegar até a escola, que fica na cidade, o caminho percorrido de carro é mais ou menos 20 minutos, então a pé deve ser quase uma hora. No quilombo tem um posto de saúde, que de vez em quando vai uma assistente social para atender a população, lá também tem um poço, que o governo manda de vez em quando um carro pipa para abastecer, a água desse poço não é própria pra consumo, a população usa apenas para regar plantas, para banho, para lavar roupas e louças e também dão para animais beber, eles armazenam água da chuva para poder consumir.


Em Acauã, já foi implantada uma igreja, lá eles oferecem assistência espiritual para a comunidade, acontecem estudos bíblicos nas terças e aos domingos culto, a igreja se chama Igreja Missionária do Sertão. A tarde fui para a igreja, lá acontecem as oficinas de dança, funcionam 5 turmas de dança, 1 pela manhã e as outras 4 pela tarde. Simultaneamente acontece escolinha de futebol, na quadra da cidade, mas não acompanhei de perto. Na oficina de dança tem o discipulado e logo após a aula, as meninas estão ensaiando para um espetáculo que vão apresentar no fim do ano no SESC da cidade, pude conhecer todas as meninas e acompanhei de perto o trabalho da missionária que tem se dedicado por isso, ela é formada em educação física e já fez aula de dança na cidade onde morava, ela não continua as aulas pois em Acauã e na cidade vizinha não oferece capacitação, apesar das dificuldades o trabalho é lindo, fiquei bastante admirado por ela conseguir manter 5 turmas com discipulado e aula de dança, foi um tempo bem legal, conheci todas as meninas, orei com elas, e participei junto do devocional. Foi bem engraçado quando uma das meninas assim que me viu perguntou a missionária se eu era da lei dos crentes, ai fui apresentado para todas e as conheci. Durante essa tarde a parte que mais me emocionei foi ao terminar a aula de uma das turmas, as meninas me chamaram para orar e quando terminei todas correram e me abraçaram e senti um amor tão grande, agradeci muito a Deus por isso, isso me lembrou quando Jesus repreendeu seus discípulos pois estavam afastando as crianças Dele e Ele disse “Deixai vir a mim as crianças, pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas”, apesar de não me conhecer, elas na sua inocência correram e me abraçaram, Jesus quando falou isso aos discípulos, falava sobre sermos como crianças, termos a inocência, a humildade delas. Eu me identifico muito com o trabalho com crianças, não por serem crianças e serem mais fáceis de lidar, porque não é nada fácil, mas porque Deus me ensina tanto com elas, Ele me mostra nelas características que o agradam, e isso tem forjado o meu caráter, pois tenho trazido pra minha vida essas características e me tornado alguém que agrada a Deus e estou me tornando mais parecido com Ele.


A noite teve um aniversário surpresa da Jaqueline, uma missionária de lá, foi um momento muito bom de comunhão, conversamos, brincamos, rimos, e abençoamos a vida dela. "Oh quão bom e quão suave que os irmãos vivam em união." Salmos 133:1
Ouvi também outros testemunhos da mudança de realidade, que Deus desafiou pessoas a terem, pessoas que resolveram dar passos de fé, e viram que Deus realmente cuida de nós.

Continua ...

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